
Imagina isso.
Você, sentado naquela cadeira de couro sintético. A sala tem aquele cheiro clínico, meio metálico, que combina com o zumbido do ar-condicionado no teto. E você percebe que está suando, porque, sabe, é estranho pensar que daqui a algumas horas você vai ter uma peça de metal enroscada no osso zigomático. Sim, “zigomático”. Esse nome soa como um bicho de filme de terror dos anos 80. Mas é o osso que todo mundo tem ali, perto da bochecha, só que quase ninguém sabe que ele existe. Até precisar dele.
Isso começa com uma história que ninguém conta direito. Primeiro vem a perda. Os dentes vão embora, um a um, como aquela velha lista de amigos que se distancia ao longo dos anos. Você olha no espelho e enxerga um estranho, alguém sem dentes, com o rosto afundado – um rosto que parece te acusar dos anos de negligência, do cigarro, do açúcar e de todas as desculpas que você deu. Se arrependimento matasse, não haveria necessidade de cirurgia. Mas não mata. E aqui estamos.
Então, você se rende ao inevitável. Um implante? Já tentaram. Só que seu osso maxilar, desgastado, não aguenta o tranco. Parece loucura, mas o corpo humano tem dessas ironias. Em algum ponto entre o desejo e a realidade, o osso não dá conta, e aí, vem o último recurso: **implantes zigomáticos**. Para leigos, isso significa que o dentista vai fazer um furo – e não é pouca coisa – até o osso da maçã do rosto, onde ainda existe suporte. Vai fixar os implantes lá, com precisão de relojoeiro. E a promessa é: você vai sorrir de novo.
É aí que o cirurgião começa a te explicar o processo. Palavras como “anestesia geral” e “técnica invasiva” entram pelos seus ouvidos como balas de borracha. E lá vai ele, descrevendo calmamente como vai abrir sua gengiva, perfurar o osso, fixar os pinos. E você só pensa em outra coisa: *Eu só queria um sorriso.* Você imagina todas as ferramentas que serão usadas, quase como uma cirurgia militar. Esse é o último passo antes da redenção, ou talvez seja o mais próximo que você vai chegar dela.
Na hora do procedimento, o som dos instrumentos cortando carne e osso é abafado pela anestesia. É como flutuar em um pesadelo, assistindo à operação de uma espécie de posto avançado de guerra dental. Mas o que vem depois é diferente, inesperado. Você desperta, sente aquele gosto metálico na boca, mas também algo diferente. É o peso do que você acabou de ganhar. Seu sorriso de volta. Aquela promessa finalmente cumprida, enterrada na maçã do seu rosto.
Nas semanas que seguem, você vai sentir a pressão nos zigomas, o desconforto e a estranha tensão que só uma estrutura de metal presa no osso pode causar. Mas você também percebe outra coisa, sutil. Quando você sorri, ele sorri de volta. Aquele espelho devolve um reflexo que você tinha esquecido. E sabe o que é mais surpreendente? É que agora, aquele rosto parece estar dizendo: *Eu te perdoo.*
Sua nova jornada começa agora, com o Dr Daniel Coutinho.